"Simulacros e Simulação", escrito em 1981, mantém-se como um dos mais inovadores livros de Jean Baudrillard, sociólogo e filósofo francês de reputação internacional. Nesta obra, Baudrillard proclamou que a imagem passa por quatro fases, nas quais ela sucessivamente: reflete uma realidade básica, mascara e perverte uma realidade básica, mascara a ausência de uma realidade básica e, por fim, não mantém qualquer relação com qualquer realidade: é o seu próprio simulacro.
Ou seja, a realidade deixou de existir, e passamos a viver a representação da realidade, difundida, na sociedade pós-moderna, pela mídia. Radicalmente irônico, mas com fundamentos, Baudrillard defende a teoria de que vivemos em uma era cujos símbolos têm mais peso e mais força do que a própria realidade. Desse fenômeno surgem os "simulacros", simulações malfeitas do real que, contraditoriamente, são mais atraentes ao espectador do que o próprio objeto reproduzido.
Segundo Holgonsi Soares Gonçalves Siqueira, na matéria “JEAN BAUDRILLARD: importância e contribuições pós-modernas” publicada no Caderno MIX - Idéias - Jornal Diário de Santa Maria - Edição de 31/03 - 01/04/2007: "Nos debates sobre a pós-modernidade, Baudrillard passou a ser reconhecido como o teórico do regime do “simulacro” através de sua obra intitulada “Simulacros e Simulação”, livro que se tornou famoso também fora do ambiente acadêmico quando foi exibido no filme "Matrix", pois é dentro de uma edição deste livro que “Neo” guarda seus programas. Colaborou ainda o fato do ator Keanu Reeves dizer em suas entrevistas sobre o filme, que havia lido “Simulacros e Simulação”. Foi o que bastou para que o nome de Baudrillard com sua teoria sobre o simulacro fosse rapidamente associado ao filme. Ele não gostou desta associação, e na época ainda comentou que tanto os responsáveis pelo filme, como Reeves, “se leram meu livro, não entenderam nada”.
A interpretação distorcida do pensamento de Baudrillard feita em “Matrix”, é bastante comum entre os leitores universitários bem como entre muitos admiradores de seus trabalhos. Na entrevista sobre este filme, Baudrillard foi objetivo: "existem filmes melhores que este sobre o mesmo tema. "Truman Show", por exemplo, é mais sutil. Não deixa o real de um lado e o virtual de outro, como "Matrix". Esse é o problema." Essa é a confusão.
O difícil conceito de simulacro tendo por base o “quarto estágio (o terminal) do signo”, nunca esteve relacionado com uma oposição entre simulação e realidade, entre o real e o signo, em outras palavras, nunca quis dizer irrealidade. Os simulacros são experiências, formas, códigos, digitalidades e objetos sem referência que se apresentam mais reais do que a própria realidade, ou seja, são “hiper-reais”. Como ele escreveu: “A simulação já não é a simulação de um território, de um ser referencial, de uma substância. É a geração pelos modelos de um real sem origem nem realidade: hiper-real”. Assim, Baudrillard entendia nossa condição como a de uma ordem social na qual os simulacros e os sinais estão, de forma crescente, constituindo o mundo contemporâneo, de tal forma que qualquer distinção entre “real” e “irreal” torna-se impossível."
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