quarta-feira, 20 de abril de 2011

Livro: "Obras Escolhidas - Magia e Técnica, Arte e Política" - Walter Benjamin (1994)

Segundo o site Wikipédia, "Walter Benedix Schönflies Benjamin (Berlim, 1892-1940) foi um ensaísta, crítico literário, tradutor, filósofo e sociólogo judeu alemão. Associado à Escola de Frankfurt e à Teoria Crítica, foi fortemente inspirado tanto por autores marxistas, como Georg Lukács e Bertolt Brecht, como pelo místico judaico Gerschom Scholem. Conhecedor profundo da língua e cultura francesas, traduziu para alemão importantes obras como "Quadros Parisienses" de Charles Baudelaire e "Em Busca do Tempo Perdido" de Marcel Proust. O seu trabalho, combinando ideias aparentemente antagônicas do idealismo alemão, do materialismo dialético e do misticismo judaico, constitui uma contribuição original para a teoria estética. Entre as suas obras mais conhecidas estão "A Obra de Arte na Era da Sua Reprodutibilidade Técnica" (1936), "Teses Sobre o Conceito de História" (1940) e a monumental e inacabada "Paris, Capital do século XIX", enquanto "A Tarefa do Tradutor" constitui referência incontornável dos estudos literários."

No livro "Obras Escolhidas - Magia e Técnica, Arte e Política", a editôra Brasiliense reuniu alguns dos mais importantes textos do filósofo, como os ensaios sobre o conceito de História,, o Surrealismo, a obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica e a fotografia, e as análise de Marcel Proust e Franz Kafka".

Recomenda-se uma atenção especial aos ensaios "Pequena história da fotografia" (1931) e “A obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica - Primeira versão" (1935-1936).

"O ensaio “A obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica” é considerado a primeira grande teoria materialista da arte. O ponto central desse estudo encontra-se na análise das causas e consequências da destruição da “aura” que envolve as obras de arte, enquanto objetos individualizados e únicos. Com o progresso das técnicas de reprodução, sobretudo do cinema, a aura, dissolvendo-se nas várias reproduções do original, destituiria a obra de arte de seu status de raridade. Para Benjamin, a partir do momento em que a obra fica excluída da atmosfera aristocrática e religiosa, que fazem dela uma coisa para poucos e um objeto de culto, a dissolução da aura atinge dimensões sociais. Essas dimensões seriam resultantes da estreita relação existente entre as transformações técnicas da sociedade e as modificações da percepção estética. A perda da aura e as consequências sociais resultantes desse fato são particularmente sensíveis no cinema, no qual a reprodução de uma obra de arte carrega consigo a possibilidade de uma radical mudança qualitativa na relação das massas com a arte. Embora o cinema, diz Walter Benjamin, exija o uso de toda a personalidade viva do homem, este priva-se de sua aura. Se, no teatro, a aura de um Macbeth, por exemplo, liga-se indissoluvelmente à aura do ator que o representa, tal como essa aura é sentida pelo público, o mesmo não acontece no cinema, no qual a aura dos intérpretes desaparece com a substituição do público pelo aparelho. Na medida em que o ator se torna acessório da cena, não é raro que os próprios acessórios desempenhem o papel de atores. Benjamin considera ainda que a natureza vista pelos olhos difere da natureza vista pela câmara, e esta, ao substituir o espaço onde o homem age conscientemente por outro onde sua ação é inconsciente, possibilita a experiência do inconsciente visual, do mesmo modo que a prática psicanalítica possibilita a experiência do inconsciente instintivo. Exibindo, assim, a reciprocidade de ação entre a matéria e o homem, o cinema seria de grande valia para um pensamento materialista. Adaptado adequadamente ao proletariado que se prepararia para tomar o poder, o cinema tornar-se-ia, em consequência, portador de uma extraordinária esperança histórica. Em suma, a análise de Benjamin mostra que as técnicas de reprodução das obras de arte, provocando a queda da aura, promovem a liquidação do elemento tradicional da herança cultural; mas, por outro lado, esse processo contém um germe positivo, na medida em que possibilita um outro relacionamento das massas com a arte, dotando-as de um instrumento eficaz de renovação das estruturas sociais. Trata-se de uma postura otimista, que foi objeto de reflexão crítica por parte de Adorno."