Ansel Adams |
No ano de 2013, a Revista FHOX lançou um encarte chamado "Fine Art Inside" falando sobre o mercado de fotografia fine art. Logo no Editorial encontramos um texto assinado por Mozart Mersquita que diz:
"A fotografia fine art pode ser vista por vários ângulos. O termo fine art, em si, gera polêmica. Define conceitos técnicos de impressão, emolduração e conservação, mas serve, subjetivamente, para expressar um modelo mais autoral ou artistico. O mercado se apropriou do termo técnico para agregar valor a novos produtos e o amadurecimento de todos os envolvidos gera uma promissora cadeia que se movimenta em torno do tema. Envolve fabricantes de impressora, papel, distribuídores, artistas de captura e artesãos da impressão, além de escolas, agentes de comercialização e compradores. Começa a se sofisticar e a querer se identificar."
Mas, afinal, o que é fotografia fine-art?
Segundo Cristiano Mascaro, "hoje em dia, mesmo com a fotografia bombando na mídia e no mercado de artes, muitas vezes o termo "fine art" parece se referir simplesmente a um acabamento técnico mais refinado para venda a um colecionador exigente. Pode-se optar pelo faladíssimo "papel de puro algodão", suporte de impressões digitais ou ainda por uma ampliação sofisticada em papel fotográfico que tem a magia dos sais de prata. No entanto, 'fine art' parece-me uma expressão mais abrangente, que define não só a preocupação estética na criação da obra, mas principalmente seu caráter artístico, o impulso emocional e não comercial que proporcionou a decisão de se criar uma representação do mundo em que vivemos. Pode ser uma fotografia, uma pintura, uma poesia. Desta forma, cabe no termo até uma obra que não agradará a ninguém. E seguindo este reciocínio, um belo anúncio publicitário do ponto de vista estético e artístico jamais será 'fine art'."
Para Clicio Barroso Filho, "existe arte, existe fotografia, existe impressão, mas o termo 'fine art' tem diferentes significados para cada uma dessas categorias... Fine arts, ou as belas artes, abrangem as formas de arte desenvolvidas principalmente visando à estética/conceito, em vez de sua aplicação prática. Historicamente as cinco grandes belas artes são a pintura, escultura, arquitetura, música e poesia, com as artes menores incluindo teatro e dança. Hoje, nos institutos de ensino ou museus especializados em arte, frequentemente o termo 'fine arts' está associado exclusivamente às formas de artes visuais. 'Fine art photography' refere-se às fotografias que são criadas para expressar a visão criativa do artista. Esta fotografia de arte está em contraste com fotojornalismo e fotografia comercial; fotojornalismo oferece suporte visual para as histórias, principalmente na mídia impressa; já a fotografia comercial geralmente se destina a ilustrar produtos ou serviços a serem vendidos. Fotografia de arte, porém, é criada primeiramente como uma expressão pessoal do artista, mas também tem sido importante na promoção de certas causas ambientais, políticas e artísticas. O trabalho de Ansel Adams em Yosemite e Yellowstone fornece um exemplo claro. Adams foi um dos mais reconhecidos fotógrafos do século 20, e um promotor ávido do conceito de conservação ambiental e ecologia. Embora seu foco principal tenha sido a fotografia documental como arte, seu trabalho aumentou a consciência pública da beleza da Serra Nevada e ajudou a construir um apoio político adequado para sua proteção. Por outro lado, a 'impressão fine art' é um termo técnico, que tem significado abrangente, com ênfase na longevidade, conservação e preservação da obra de arte ou fotografia; a preocupação existia quando se imprimia quimicamente (com o uso dos banhos de selênio nas cópias), e certamente é importante agora, com as exigências museológicas mais recentes. Para que uma impressão seja considerada de padrão fine art, tanto os papéis (geralmente de fibras de algodão ou alfacelulose) quanto as tintas de pigmento mineral costumam ser certificados e normatizados. É importante também a expertise do impressor que, trabalhando em conjunto com o artista, vai interpretar a sua imagem, agregando valor a todo o processo. Este é sempre complementado pela montagem final, seja moldura com passe-partout de padrão conservação, seja o papel exposto com verniz ou spray de proteção 100% PH neutro. E, claro, tudo assinado e certificado!".
Para Eder Chiodetto, "pela fotografia fine art, mais do que qualquer questão técnica envolvida, imaginamos que seja a cópia fotográfica na qual o fotógrafo/artista consegue obter a expressão mais legítima e acurada desejada por ele. É a cópia onde todos os parâmetros como corte, contraste, densidade, luz, escala, tipo de papel, etc., após serem criteriosamente escolhidos, devem gerar uma cópia que tende à perfeição. Assim se faz uma cópia vintage. O fotógrafo que zela pela longevidade de sua obra deve realizar essas cópias fine art, com a ideia de que no futuro serão elas que falarão por ele."
Fonte: Encarte Fine Art Inside da Revista FHOX 2013
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