sábado, 12 de novembro de 2011

A maior câmera fotográfica do mundo

Câmera Mamute (c) Desconhecido
"No início do séc. XX, época áurea dos caminhos-de-ferro, a fotografia dá os primeiros passos. De uma ligação improvável, sob o mote “A maior fotografia no mundo, do mais belo comboio no mundo”, eis que nasce a Câmera Mamute, com o intuito singular de fotografar em grande plano o comboio estrela da Chigago & Alton Railway: The Alton Limited. O seu autor, George Raymond Lawrence, (1868-1938) é, provavelmente, um nome pouco familiar para a maioria das pessoas, mas decerto muito importante na história da fotografia.
Nascido nos Estados Unidos, em Ottawa, Illinois, mudou-se para Chicago para aí encontrar a fotografia. Dentre as suas muitas conquistas estão o aperfeiçoamento do uso do flash, a invenção de balões e papagaios para fotografia aérea e grandes avanços na fotografia panorâmica, culminando na criação da maior câmera do mundo: The Mammoth Camera, ou Câmera Mamute.
George Raymond Lawrence (1868-1938)
Por volta de 1900, a estrada de ferro americana desenvolvia-se a um ritmo acelerado. Nesta ocasião, a companhia ferroviária Chicago & Alton Railway incumbiu Lawrence de fazer as maiores fotografias do novo e luxuoso comboio de passageiros: The Alton Limited.

Construída pelo renomado J. A. Anderson, a Mammoth Camera fez jus ao seu nome em vários aspectos, custando cerca de $5,000 (o suficiente para comprar uma casa substancial no início do séc.XX), pesando uns impressionantes 640 kg, media mais de 4m de comprimento, usava negativos de 1.35m x 2.40m, era transportada num vagão especial e eram necessários 15 homens para mover e operar o equipamento. A câmera era grande o suficiente para que a sua limpeza pudesse ser feita por um funcionário no interior da mesma. Como foi construída apenas uma placa de negativo, o inventivo fotógrafo teve apenas uma única oportunidade para fotografar, mas foi bem sucedido.

A revelação da cópia medindo 1.35m x 2.40m necessitava, além de papel feito sob medida, 45 litros de soluções químicas. Três imensas cópias foram expostas com grande êxito na Exposição Universal de Paris de 1900, onde, por aquela única fotografia, Lawrence recebeu o Grande Prêmio Mundial para a Excelência Fotográfica. Um dado curioso é que, nessa mesma exposição que coroou o trabalho do fotógrafo, os juízes chegaram as pensar que a fotografia seria falsa, uma vez que lhes era inconcebível uma câmera de tais dimensões capaz de produzir tal fotografia. Tudo foi esclarecido quando o próprio cônsul francês em Nova Iorque se deslocou a Chicago e verificou a existência e funcionalidade da colossal máquina. Indo ao encontro do objetivo inicial, a fotografia foi também reproduzida nos folhetos publicitários da companhia ferroviária, que anunciavam: “The largest photograph in the world of the handsomest train in the world.” (A maior fotografia do mundo do mais belo comboio do mundo.)."