sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Clássicos da fotografia são "remixados" no Instagram e geram protestos

Andreas Feininger - The Photojournalist, 1951. (Modificado com Instagram)
A dica é da Thais Salata.
A matéria é de autoria de Mario Amaya e saiu no site Yahoo! Notícias:
Vejam o que diz:

"Andrew Emond é um fotógrafo canadense baseado em Montreal. Em seu porfólio você pode ver um refinado trabalho fotográfico, que consiste em uma investigação cuidadosa sobre a complexidade dos ambientes artificiais criados pelos seres humanos, principalmente edifícios industriais e infraestrutura urbana. Seu ensaio sobre os esgotos de uma grande cidade rendeu um documentário. Ou seja, até aqui deu para perceber que estamos falando de um sujeito sério e com um sólido conjunto de trabalhos autorais.
Agora, a surpresa: Emond está ficando famoso da noite para o dia ao redor do mundo por causa de um projeto paralelo que não deveria passar de uma brincadeira descontraída. Ele obteve uma série de fotografias famosas produzidas por mestres da fotografia e passou todas elas pelo Instagram, fazendo-as parecer que foram fotografadas na época atual, com iPhones, e “transformadas” em fotos antigas pelos filtros do serviço. O provocativo e perturbador resultado está no site Mastergram. Se você não conhece alguma das referências, não se preocupe: todas elas possuem um link junto à foto remixada.
Pois ele acabou de descobrir que mexeu num vespeiro. E o problema não é com os autores das fotos originais, mas com seus admiradores!
Em seu Twitter (@andrewemond), o fotógrafo comenta: Tenho sido xingado por causa do Tumblr, acerca do que consideram desrespeito, violação de copyright, apropriação etc. Isso é interessante e um pouco inesperado. Obras de música e vídeo são recriadas, alteradas, remixadas e recombinadas por outras pessoas o tempo todo, como podemos ver no YouTube em particular, sem que isso cause quaisquer reclamações. Por que seria diferente com a fotografia?
As questões que ele levanta são importantes. Ao longo de toda a história da arte até o século 19, os conceitos de autoria individual e direito de cópia não eram tão rígidos como hoje. E o mundo da música gravada tem apenas um pouco mais de um século de existência a mesma idade dos filmes cinematográficos. Quando a música começou a ser perpetuada em cilindros e discos, entendia-se que o direito recaía sobre a gravação em particular, enquanto o direito da música era relacionado à publicação das suas partituras. Quanto ao cinema, é famosa a história de como Thomas Edison copiou e distribuiu livremente filmes do pioneiro cineasta francês Georges Meliès sem autorização nem royalties ao autor, que terminou falido.
Uma ótima sugestão de leitura sobre o problema da apropriação artística de imagens é indicação do próprio Emond (atalho: tinyurl.com/3ntnyfd). Nesse artigo, o autor disseca o problema ainda não resolvido da apropriação da autoria de um trabalho visual, e faz foco no caso famoso e controverso da apropriação de uma série inteira de fotos do mestre Walker Evans por Sherrie Levine nos anos 1980. Curiosamente, o artigo mostra que o próprio Evans foi autor de muitas fotos memoráveis que nada faziam além de registrar outras imagens, fotografias e pinturas, originalmente criadas por outros autores.
O ensaio dos esgotos de Montreal do fotógrafo pode ser visto no endereço undermontreal.com. O portfolio de Andrew Emond pode ser visitado em seu site oficial, www.andrewemond.com."