Você sabia que se você quiser ser fotógrafo de casamento vai ter que pagar uma taxa para seu nome aparecer na lista de prestadores de serviço que a própria igreja oferece para os noivos?
Segundo matéria que saiu no jornal a Folha de São Paulo, de março de 2010, para atuar na Nossa Senhora do Brasil paga-se R$ 2.000,00 por ano para entrar na lista e mais R$ 200,00 por casamento em que atuar. Essas taxas são cobradas como "doações" e os recibos são assim emitidos.
Claro que os fotógrafos embutem essas taxas nos seus orçamentos, o que eleva o preço do serviço. Mesmo pagando a taxa há o risco do seu serviço não ser contratado, já que há outros profissionais nessa lista. Com isso muitos fotógrafos "alugam" seus horários para colegas de profissão, gerando um mercado paralelo. E quem não aceitar essas regras fica impedido de trabalhar, recebendo inclusive ameças.
Segundo a fotógrafa de casamento Luciana Cattani, essa prática abusiva, definida como venda casada, fere o artigo 39 do Código de Defesa do Consumidor que diz que cada cliente é livre para escolher seus profissionais. Além disso ela diz "doação não tem valor fixo, pois é algo voluntário".
Entretanto, a igreja acabou vendo no fotógrafo uma maneira de ganhar dinheiro fácil e acabou complicando bastante o ingresso de novos fotógrafos no ramo e elevando os preços.
No jornal A Folha de São Paulo, de março de 2010, saiu uma reportagem no Caderno Cotidiano, assinada por Ricardo Gallo que trata do mesmo assunto. Leia abaixo:
"Gisele (nome fictício), 29, pagou R$ 2.000 para se casar em uma das mais tradicionais igrejas de São Paulo, a Nossa Senhora do Brasil, na avenida Brasil (zona oeste). Ela nem se importou com o preço - muito acima do estabelecido pela própria Igreja Católica -, mas se surpreendeu ao ser informada de que só poderia contratar os serviços de foto e vídeo, entre outros, que a igreja indicasse.
“Tem que ser tudo do livrinho [a lista da igreja]. É um absurdo. Estava quase desistindo de me casar lá, mas a família do meu noivo queria muito”, disse.
Pelas normas da Arquidiocese de São Paulo, a taxa de casamento religioso não pode ser maior que a do civil - R$ 246,30. O preço sobe para R$ 821,00 se o juiz for até o local da cerimônia. Já a imposição ou restrição de serviços ao consumidor é considerada prática abusiva pelo Procon.
As duas situações são corriqueiras nas principais igrejas de São Paulo. A reportagem encontrou ao menos sete igrejas que cobram entre R$ 1.000 e R$ 6.000 pelo casamento. E, em quatro, há lista de fornecedores ou serviços embutidos que os candidatos a noivos são obrigados a contratar.
As igrejas, em geral, dizem que o custo de casamento não supera o que a arquidiocese preconiza. Elas usam um expediente previsto pela arquidiocese que lhes permite incluir no custo do casamento despesas não relacionadas ao rito, como gastos com luz, limpeza e estacionamento. E dizem reverter o que ganham para manutenção e obras sociais.
Na Nossa Senhora do Brasil, onde se casou o piloto Felipe Massa, por exemplo, o preço de R$ 2.000 só vale para 2010. No ano que vem, serão R$ 2.200. São cerca de 30 casamentos por mês, em média.
O guia com os fornecedores credenciados tem, entre outros, serviços de floricultura, foto e vídeo. Para estar no guia, cada prestador de serviço paga R$ 2.000 anuais, mais R$ 200 por casamento em que atuar. Embora a igreja admita que é obrigatório, o pagamento é chamado de “contribuição”.
Outras igrejas disputadas fazem o mesmo. A Perpétuo Socorro (Jardim Paulistano) e a Cruz Torta (Alto de Pinheiros) também mantêm “livrinhos” que obrigam o casal a contratar determinados serviços. Em seu site, a Cruz Torta informa que empresas não credenciadas podem prestar serviço de foto, filmagem e decoração, se os noivos quiserem - desde que paguem R$ 1.300 cada uma.
Com o preço mais alto entre os templos consultados (R$ 6.000), o Mosteiro de São Bento disse que o valor inclui outros serviços, como o profissional responsável pelo órgão e assessoria cerimonial. O mosteiro permite contratação de prestadores de serviço de fora."
“Tem que ser tudo do livrinho [a lista da igreja]. É um absurdo. Estava quase desistindo de me casar lá, mas a família do meu noivo queria muito”, disse.
Pelas normas da Arquidiocese de São Paulo, a taxa de casamento religioso não pode ser maior que a do civil - R$ 246,30. O preço sobe para R$ 821,00 se o juiz for até o local da cerimônia. Já a imposição ou restrição de serviços ao consumidor é considerada prática abusiva pelo Procon.
As duas situações são corriqueiras nas principais igrejas de São Paulo. A reportagem encontrou ao menos sete igrejas que cobram entre R$ 1.000 e R$ 6.000 pelo casamento. E, em quatro, há lista de fornecedores ou serviços embutidos que os candidatos a noivos são obrigados a contratar.
As igrejas, em geral, dizem que o custo de casamento não supera o que a arquidiocese preconiza. Elas usam um expediente previsto pela arquidiocese que lhes permite incluir no custo do casamento despesas não relacionadas ao rito, como gastos com luz, limpeza e estacionamento. E dizem reverter o que ganham para manutenção e obras sociais.
Na Nossa Senhora do Brasil, onde se casou o piloto Felipe Massa, por exemplo, o preço de R$ 2.000 só vale para 2010. No ano que vem, serão R$ 2.200. São cerca de 30 casamentos por mês, em média.
O guia com os fornecedores credenciados tem, entre outros, serviços de floricultura, foto e vídeo. Para estar no guia, cada prestador de serviço paga R$ 2.000 anuais, mais R$ 200 por casamento em que atuar. Embora a igreja admita que é obrigatório, o pagamento é chamado de “contribuição”.
Outras igrejas disputadas fazem o mesmo. A Perpétuo Socorro (Jardim Paulistano) e a Cruz Torta (Alto de Pinheiros) também mantêm “livrinhos” que obrigam o casal a contratar determinados serviços. Em seu site, a Cruz Torta informa que empresas não credenciadas podem prestar serviço de foto, filmagem e decoração, se os noivos quiserem - desde que paguem R$ 1.300 cada uma.
Com o preço mais alto entre os templos consultados (R$ 6.000), o Mosteiro de São Bento disse que o valor inclui outros serviços, como o profissional responsável pelo órgão e assessoria cerimonial. O mosteiro permite contratação de prestadores de serviço de fora."