sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Livro: "A Câmara Clara" - Roland Barthes (1984)



Obra derradeira do espírito criador de Roland Barthes, "A Câmara Clara" é uma reflexão sobre a imagem fotográfica - expressa, aliás, no próprio subtítulo, "nota sobre a fotografia", mas é, também, uma apaixonada e dramática meditação sobre a vida e a morte. O livro explora a diferença entre os processos de reprodução da imagem na câmara clara (desenho) e na câmara escura (a fotografia). Na primeira, a imagem é copiada pela mão do homem, enquanto, na segunda, ela é reproduzida mecanicamente sem a interferência humana. Barthes procura aqui mostrar que sem a intervenção pessoal e subjetiva do observador a fotografia ficaria limitada ao registro documental.

No livro são abordados dois conceitos fundamentais de Barthes. Numa matéria de Ana Rita Martins para o Jornal da Tarde ela explica: "Ao fazer uma análise da linguagem fotográfica, o filósofo francês Roland Barthes (1915-1980) identificou dois elementos fundamentais de sua composição. O primeiro - denominado studium - é o conjunto dos objetos enquadrados pela lente da câmera e que são reconhecidos pelas pessoas, a partir da cultura e vivência que elas têm. Assim, se uma foto provoca identificação no espectador é porque os componentes do studium ‘conversaram’ com a bagagem cultural daquela pessoa." Sobre o conceito de punctum ela diz: "O segundo elemento - chamado de punctum - seria aquilo que ‘salta’da foto e que prende a atenção de quem a vê, ou seja, o ‘tchan’ da imagem. Uma boa fotografia, então, provocaria, ao mesmo tempo, identificação e magnetismo - tendo, bem trabalhados, tanto o studium quanto o punctum".

Roland Barthes (1915-1980) foi linguista, crítico, teórico da literatura, semiólogo, tendo publicado inúmeros trabalhos nestas áreas. É uma das referências da vida cultural deste século.


Editora Nova Fronteira